Philippe Starck: Design subversivo e criativo

PorRodrigoCallado

Gênio criativo inquieto, Philippe Starck é um dos designers mais ousados das últimas três décadas. Seus traços desafiam o convencional e mostram ao mundo que ousar é possível e desejável. Considerando-se mais designer do que arquiteto atualmente, seu portfólio é composto por mobiliário único. Reconhecido pelo mercado e celebridades. O francês de 69 anos enxerga sua profissão voltada ao desafio.

“A necessidade de todos os empregos deve ser questionada”, afirma o designer, “O design certamente espera melhorar a vida, mas não pode salvar vidas. A única coisa que o design pode fazer é ganhar o direito de sobreviver, pelo menos de se mover em direções mais humanistas”, completa.

E ele faz isso com elegância. Ao projetar a cadeira Costes para mobiliar o Café Costes, a escolha pelo tripé diminuiu o volume do móvel e facilitou o deslocamento dos garçons pelo restaurante parisiense. A peça virou símbolo de design dos anos 1980, tendo sido recriada em tamanho maior para o escritório do presidente François Mitterrand. A opção por materiais simples e resistentes foi outro aspecto positivo do móvel, elemento ecológico sempre presente na carreira de Starck. Na década seguinte, projetou um espremedor de suco que passou a ser considerado um ícone do design. Atento à funcionalidade, ele ressalta:

“seja uma escova de dentes, um avião ou uma cadeira, é sempre a mesma filosofia: pensar no que o usuário vai ganhar”.

Exemplo recente dessa atenção é o alto-falante Zikmu. Projetado para ser compatível com smartphones, computadores e smart TVs, a peça também é mobiliário para a casa.

Subversivo, sua mente concebeu uma luminária como símbolo para refletir sobre a violência. A coleção Armas, de 2005, trouxe fuzis e revólveres na base, coberta em ouro para simbolizar o conluio entre a riqueza e a guerra. O abajur negro epresenta a morte, o interior é repleto de cruzes. Este aspecto está presente em sua carreira como um todo.

 

“Eu tentei direcionar o ofício do design para uma ação política e social, cúmplice e ainda denunciando, para gerar ação e reação”, acrescenta.

Com esta visão de mundo, seu propósito – como ele mesmo define – é liderar uma revolução no estilo de vida da sociedade. Do contrário, a vida não poderá continuar, visto que, para ele, a ecologia e a acessibilidade precisam alcançar o maior número de pessoas no mundo. Mas ele faz isso de maneira vibrante, ousada e questionadora. Design crítico e funcional longe de ser chato. “Subversivo, ético, ecológico, político, bem-humorado… é assim que vejo meu dever como designer”, finaliza.

 

 

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